Um Breve Estudo no Livro de Levítico

Data publicação 02/11/2016

Esboço e Breve Reflexão

Um Breve Estudo No Livro De Levítico

Pastor Washington Roberto Nascimento

"Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo: Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Santos sereis, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou Santo" (Lv. 19;1-2).

O título

1. No hebraico, língua em que o livro foi escrito, o título encontra-se no primeiro verso, trata-se da primeira palavra do livro: “E chamou”  -   וַיִּקְרָ֖א  - (lê-se: vaikrá) – 

2. O vav conjuntivo , “ ו“ - (lê-se: vav) -  traduzido como conjução aditiva: “e”, em Portugês, é muito importante, pois mostra que este livro está ligado ao anterior.

3. O título em Português vem do latim – LEVITICUS -  que por sua vez vem do grego Λενίτικον - (lê-se: levíticon) -  e significa: “Aquilo que diz respeito aos Levitas”.

4. O título em Português pode nos levar ao erro, pois o conteúdo deste livro não fala necessariamente dos Levitas, da tribo, mas dos sacerdotes que eram levitas. Na verdade, nem todos os levitas eram sacerdotes. A tradução do título do Livro de Levítico para o Grego no 3º século a.C. não foi literal, mas interpretativa. 

5. O livro foi escrito para os filhos de Israel, o povo de Deus, e não apenas para uma tribo de Israel como, erroneamente, poderíamos pensar por causa do título.

“Da Tenda do Encontro o Senhor chamou Moisés e lhe ordenou:
"Diga o seguinte aos israelitas”(Lv. 1:1-2).

Autoria

1. A Tradição hebraica, judaica, dá como certa a autoria mosaica para este livro e para os demais livros do Pentateuco.

2. Jesus atribui este livro a Moisés (Mt. 8:1-4; Lv. 14:1-4).

3. Cerca de 56 (cinqüenta e seis) vezes é declarado em Levítico que o seu conteúdo foi dado a Moisés por parte de Deus, o Senhor (Lv. 1:1-2; 4;1; 5:14; 6:1; etc). Mas isso não significa que Moisés escreveu esses livros do Pentateuco. Tudo existiu primeiramente em tradição oral, depois de certo tempo é que temos o registro escrito de tal tradição. A autoridade do texto é mosaica (em termos orais), como a autoridade dos Evangelhos no Novo Testamento é de Jesus, são registros sobre Jesus, sobre  suas obras, ensinos, nascimento, morte, ascensão, etc. por diferentes pessoas. A mesma coisa temos no Pentateuco - Fontes J, E, P e D - isto é, Javista, Eloista, Sacerdotal e Deuteronomística, entre outras. A letra P representa um escritor Sacerdotal porque em alemão (como em inglês) o substantivo sacertode é: Priester (em inglês: Priest). Foi o estudioso alemão Julius Welhausen (1844-1918) que primeiro propos essa teoria das fontes literárias do Pentateuco.

A data

1. A data deste varia entre o século XV a.C. ao século XIII a.C.

2. Primeiro mês, do segundo ano, do primeiro dia, até o segundo mês, do segundo ano, no primeiro dia (Êx. 40:17 e Nm. 1:1).

Jesus Cristo e o Livro de Levítico

1. O melhor comentário de Levítico é a Carta aos Hebreus no Novo Testamento (Hb. 10:1-18).

2. Todas as ofertas e sacrifícios apontavam para Jesus.

3. Todas as festas apontavam para Jesus.

4. Todos os sacerdotes no desempenho de seus ofícios apontavam para Jesus.

Conclusão

1. Uma das palavras chaves deste livro é: Santidade/Santo (Lv. 19:2). Precisamos ser santos porque o Senhor nosso Deus é Santo (I Pd. 1:15-16).

2. Sem derramamento de sangue não há remissão de pecado (Lv. 17:11 e Hb. 9:22; I Jo. 1:7).

3. O homem pecador só pode se aproximar do Deus santo através da fé no sangue de Jesus (Jo. 1:29,36; I Jo. 7).

4. O homem pecador é convocado por Deus a ter uma vida santa porque Ele, o Senhor, que o resgatou, é Santo (Lv. 20:7-8).

5. Para ter uma vida santa é preciso obedecer a lei do Senhor. Mas a letra mata, porém o Espírito vivifica (II Co. 3:6).

6. Por isso, precisamos fazer uma leitura de Levítico, e de todos os demais livros da Bíblia, indo além da mera letra. O que, aliás, o nosso Salvador e Mestre, Jesus Cristo, nos ensinou ao falar sobre o nosso relacionamento com Deus e com o próximo: a guarda do sábado, o adultério, o homicídio, o que contamina o homem etc.

7. Este livro trata do culto a Deus.

¨Hoje o culto ao Senhor precisa ser em espírito e em verdade, com um coração quebrantado e contrito” (Sl. 51:16-17; Jo. 4:23-24).

Todas as festas, sacrifícios, ofertas e dias especiais previstos em Levítico foram sombras dissipadas, quando a Luz brilhou através de Jesus Cristo, o Filho de Deus (Hb. 10:1).

“A Lei traz apenas uma sombra dos bens que hão de vir, e não a realidade dos mesmos. Por isso ela nunca consegue, mediante os mesmos sacrifícios repetidos ano após ano, aperfeiçoar os que se aproximam para adorar”.

Pastor Washington Roberto Nascimento

 

Um breve comentário no livro de Levítico

                Pastor Washington Roberto Nascimento

Gênesis fala do pecado, Êxodo fala da salvação e Levítico fala do culto a Deus e da santidade.

O propósito do livro de Levítico é revelar a santidade absoluta de Deus e as condições nas quais nós podemos ter comunhão com ele. Este Livro é para um povo já resgatado. Você passa pelo Êxodo para apreciar o livro de Levítico.

As palavras sangue, sacerdote, santidade, entre outras, são muito importantes neste livro.

A palavra sangue, em hebraico, דָּם - (lê-se: dam), aparece 360 vezes na Bíblia Hebraica, das quais 88 vezes no livro de Levítico.

O sangue é vida. Deus nos ensina dessa maneira o alto preço do pecado. É dentro desse contexto que aprendemos que tudo aponta para Jesus, que com seu sangue nos redimiu e nos limpou (Hb. 9:14).

No livro de Levítico os crentes apresentavam a Deus os seus sacrifícios por meio de um sacerdote. Havia vários sacrifícios e ofertas para as mais diferentes situações da vida.

Mas não nos enganemos, no Livro de Levítico não há apenas leis que falam dos sacrifícios, ofertas, sangue e sacerdotes. Há leis que falam da ética em nossas relações familiares, comerciais e sociais. E é interessante observar que por dezenas de vezes nós encontramos a declaração da autoria de todas essas instruções: o Senhor Deus (Lv. 1:1; 4:1; 5:14; 6:1, 19, 20, 24; 7:20; 8:1; 10:8; 11:1, 44; 12:1; 13:1; etc.).

No Novo Testamento Jesus se apresenta como um sacrifício único e suficiente para todos os nossos pecados e para toda e qualquer situação, cumprindo, de maneira satisfatória e plena, o que lemos no livro de Levítico e em Isaías 53. Além disso, Jesus é, à luz do Novo Testamento, o sacerdote perfeito, misericordioso e justo, que intercede por nós para sempre (Jo. 1:29, 36; I Co. 5:6-8; Hb. 2:17-18; 5:10; 7:15-28; 9:22; I Jo.1:7; I Pd. 1:18-20; Lv. 17:11).

Outra palavra/ideia/ensino importante no livro de Levítico é santidade, que vem da palavra santo - קָדוֹשׁ – (lê-se: Kadosh). Essa palavra aparece 161 vezes na Bíblia Hebraica, das quais 20 vezes em Levítico (Lv. 6:26 {2x}; 6:27; 7:6; 10:13; 11:44 {2x}; 11:45 {2x}; 16:24; 19:2 {2x}; 20:7; 20:26 {2x}; 21:6, 7, 8 [2x}; 24:9). Deus é santo e espera que seus filhos sejam santos, puros, limpos. Isso só foi possível por meio do sangue de Jesus Cristo, Filho de Deus (Lv. 19:2; 20:17-18). Em Cristo somos declarados puros, limpos. Somos santificados pela Palavra. Cristo é a Palavra (Jo. 1:1; 17:17). O substantivo santo e o verbo santificar têm a ideia de separado, dedicado, consagrado.  Uma pessoa santa é uma pessoa consagrada por Deus e para Deus (Jo. 17:15-18). Não significa fugir do mundo, mas viver no mundo para Deus, para sua honra e glória, como sal da terra e luz do mundo (Mt. 5:13-16).

Outra palavra que merece destaque no livro de Levítico é sacerdote - כֹּהֵן – (lê-se: koren). Ela aparece 750 vezes na Bíblia Hebraica, das quais 194 vezes no livro de Levítico.

Nenhum outro livro da Bíblia tem mais ocorrências dessas palavras – sangue, santo, sacerdote - que as que temos em Levítico.

Quando lemos sobre a morte dos sacerdotes, filhos de Arão (Lv. 10:1-2), e da própria fragilidade e imperfeição de Arão (Nm. 12:1-16) e todos os demais sacerdotes, nós suspiramos aliviados e felizes quando encontramos com Jesus, o nosso perfeito e misericordioso sumo sacerdote (Hb. 4:14-15).

Todos os sacerdotes em suas funções, todas as festas, ofertas e sacríficos, todo o sangue derramado, até o tabernáculo (Lv. 26:11; Jo. 1:14), símbolo da presença de Deus, tudo aponta para Jesus Cristo. Nele tudo se realiza, alcança a sua plenitude.

Todas as festas, sacrifícios, ofertas, dias especiais e sacerdotes que lemos em Levítico foram sombras dissipadas, quando a Luz brilhou através de Jesus Cristo, o Filho de Deus (Hebreus 10:1).

O maior e melhor comentário de Levítico é a Carta aos Hebreus no Novo Testamento.

Toda a lei no Antigo Testamento traz apenas uma sombra dos bens que haveriam de vir, e vieram através da obra, ensino e vida de Nosso Senhor Jesus Cristo.

A Lei no Antigo Testamento é uma sombra da realidade, e não a própria realidade. A sombra da verdade, mas a verdade mesmo é Jesus.

O conteúdo de Levítico e de todas as Leis no Antigo Testamento são equivalentes ao conteúdo de um programa de ensino do Jardim de Infância na História da Revelação de Deus.

A revelação de Deus é progressiva. Hoje, por causa dos ensinos do Novo Testamento, do sacrífico de Jesus, não precisamos em nossos cultos oferecer o que o livro de Levítico ensina.

Sabemos que o culto ao Senhor precisa ser em espírito e em verdade, com um coração quebrantado e contrito (Salmo 51:16-17; João 4:23-24).

 Através de nosso corpo, mente e coração, somos o sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Em resposta de gratidão ao Senhor, por seu grande amor por nós, nós nos oferecemos a Ele, tudo que somos, temos, consagramos a Ele.

E é isso que o apóstolo Paulo chama de culto racional, inteligente. Portanto, que não nos conformemos com este mundo de pecados, injustiças, mentiras, ilusões, mas que nos transformemos através da renovação da nossa mente, de nosso ser interior, a fim de experimentar qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

Um forte abraço.

Pastor Washington Roberto Nascimento