Esboço e breve Reflexão
UM BREVE ESTUDO NO LIVRO DE NÚMEROS
Pastor Washington Roberto Nascimento
“Estas são as jornadas dos filhos de Israel” (Nm. 33:1).
Introdução
O Título
Autoria
As Provas no deserto
A mudanção do nome de Oséias para Josué
Em Números 13:16, lemos a informação que o nome de Josué era Oséias, e quem fez tal mudança foi Moisés. Oséias em hebraico é: - הוֹשֵׁעַ – (lê-se: rossea), e significa: Salvação. É o mesmo nome do profeta Oséas na Bíblia (Os. 1:1). Trata-se de um nome próprio e aparece 16 vezes na Bíblia Hebraica.
Josué em hebraico é: - יְהוֹשׁוּעַ – (lê-se: yeroshua) e significa: O Senhor é salvação, ou o Senhor salva. O nome de Josué aparece antes do livro de Números (Êx.17:8-10; 24:13). Isso mostra que a história bíblica existiu primeiro oralmente antes de ser escrita. Além disso, chegamos à conclusão que o texto bíblico final revela a contribuição de diferentes escritores.
No texto grego do Antigo Testamento, conhecido como LXX – Septuaginta – do 3º século a. C., o nome de Josué em grego - Ἰησοῦς - (lê-se: Yesús) - é o mesmo nome de Jesus no Novo Testamento: Ἰησοῦς (lê-se: Yesús - Hb. 4:8, 14; etc.). Jesus é a Salvação e Jesus é o Senhor que Salva. Os nomes: Oséias e Josué apontam para Jesus. Assim como Josué levou o povo de Deus à vitória contra os inimigos e à conquista da terra prometida, assim é Jesus com Sua Igreja, com os seus discípulos, o seu povo.
Conclusão
Pastor Washington Roberto Nascimento.
Uma breve reflexão no livro de Números
Pastor Washington Roberto Nascimento.
Depois de estudarmos os livros de Gênesis, Êxodo e Levítico, chegamos ao quarto livro da Bíblia conhecido em português como o Livro dos Números. Este título é por causa dos dois censos que nele encontramos, veja capítulos 1 e 26. Este título vem da Bíblia grega conhecida como Septuaginta.
Na Bíblia hebraica o título deste livro é: No deserto - בְּמִדְבַּר – (lê-se: bemid`bar)-. O título: No Deserto vem de seu primeiro versículo. Na verdade, todo o livro de Números conta a história da peregrinação do povo de Deus no deserto. A vida no deserto não é fácil, sofremos tentações, passamos fome e sede no deserto. Deus parece distante no deserto. Os amigos desaparecem no deserto. Os problemas se agigantam no deserto.
O Livro de Números está cheio de murmurações. Assim que o povo do Senhor saiu do monte Sinai, as pessoas rapidamente começam a reclamar. De fato, o livro de Números está organizado em torno de várias histórias de murmurações, queixas e reclamações.
Eles se queixam (murmuram, reclamam) de dificuldades (Núm. 11: 1-3), comida (Nm. 11: 4-15), liderança de Moisés (Nm. capítulo 12), entrada na terra (Nm. Capítulos 13 e 4); a liderança de Moisés e Arão (Nm. capítulo 16), água (Nm. 20: 1-13) e pão e água (Nm. 21: 4-9).
Moisés e Arão e Miriam foram líderes notáveis. Mas eles não foram perfeitos. Arão e Miriam se levantaram contra Moisés movidos por inveja e ciúmes (Nm. 12:1-9). Porém, Moisés ora por eles.
Moisés se apresenta nos livros do Êxodo e Números como um intercessor notável diante de Deus em favor das pessoas sob sua liderança, não apenas em favor do povo em geral, mas em favor de sua família, seus irmãos Arão e Miriã (Êx. 32:11-14; 30-32; Nm. 12:13; 14:13-20; 21:7). Mas ele também falhou. O escritor bíblico fala de sua desobediência a Deus (Nm. 20:7-13). Arão, também, falhou como sacerdote diante de Deus em favor do povo (Êx. 32:2-5). É por isso que o Novo Testamento fala de Jesus como um intercessor e sacerdote perfeito (Hb. 4:14-16; 10:19-23). Jesus é o profeta prometido por Deus que substitui Moisés, Arão e todos os outros profetas e sacerdotes (Dt. 18:14-18).
No início do livro de Números nós temos o número das pessoas que foram salvas pelo Senhor (Nm. 1:46), mas que não puderam tomar posse das bênçãos prometidas pelo Senhor por causa da incredulidade (Nm. 13:25-14:11). Eles reclamaram contra Deus e contra os líderes do povo do Senhor, e tal reclamação foi ouvida pelo Senhor. Foi um sinal da infidelidade (incredulidade) do povo que lhe custou caro (Nm. 14:26-25). No final do livro de Números nós temos o total da nova geração que nasceu no deserto que recebeu, da parte de Deus, a terra por herança (Nm. 26:51).
Nós, cristãos, somos semelhantes ao povo do Senhor no Antigo Testamento. Já fomos salvos por Cristo, mas ainda não tomamos posse da terra prometida, o novo céu e a nova terra (Ap. 21:1). Já pertencemos ao Reino de Deus. Não somos cidadãos do reino deste mundo (Jo. 18:36), que está sob o poder do Maligno (I Jo. 5:19). Neste mundo em trevas, temos o desafio de viver como filhos da Luz (I Ts. 5:5; Mt. 5:13-16).
Somos semelhantes ao povo de Israel no deserto. O Reino de Deus está dentro de nós (Lc. 17:21). Já podemos desfrutar das bênçãos da presença e da direção do Senhor em nossas vidas. Porém, temos uma tensão dialética, o Reino já foi inaugurado, mas não consumado. Ele já está presente em nossas vidas, mas ainda não plenamente.
Entre tantas lições interessantes e curiosas no livro de Números, há uma lição que se destaca sobremaneira. Ela está registrada em Números 21:4-9 e mencionada no Novo Testamento, no Evangelho de João 3:14-15 e 12:32. Ela aponta para Jesus.
Ela mostra o povo de Deus, mais uma vez, se levantando contra o Senhor e o seu servo, Moisés. E para evitar a morte de todo o povo, Deus instruiu a Moisés para que fizesse uma serpente de bronze e a colocasse em um madeiro no deserto, para que todo aquele que olhasse para a serpente levantada no deserto fosse salvo, vencesse morte, e tivesse vida.
Não devemos interpretar este texto de Números 21:4-9 literalmente. Não foi a serpente que trouxe a cura aos israelitas, mas o fato de que eles ergueram os olhos com fé e dirigiram o coração para o Pai que habita no céu. Foi o ato de fé e obediência a Deus que trouxe a salvação, a vida.
Infelizmente, corremos o risco de deturpar algo e transformar o meio no fim, um simples símbolo em um objeto de culto e adoração. Foi isso que aconteceu com o povo Deus. No tempo do rei Ezequias uma serpente de bronze estava sendo adorada. Mas graças a Deus, Ezequias, o rei que fez aquilo que agrada ao Senhor, acabou com essa deturpação, com essa idolatria (II Rs. 18:3-5). Não precisamos, também, interpretar todas as narrativas bíblicas literalmente, como um acontecimento histórico, um fato; mas precisamos interpretar e entender a essência da mensagem bíblica, sem transformar seus símbolos e linguagens figuradas em uma pedra de tropeço, em um problema para a apreciação do texto.
Há coisas na Bíblia que não conseguimos compreender plenamente. Elas aconteceram em um tempo e em um lugar totalmente diferentes dos nossos aqui e hora. Essa história registrada em Número 21:4-9 é uma delas. Precisamos nos concentrar nas partes da história cujas lições são claras e não nas partes que são obscuras. E quais as partes da história cujas lições são claras? Ei-las: 1. O problema da impaciência (Nm. 21:4); 2. O problema de falar mal, falar contra Deus e os seus obreiros, não controlar a língua (Nm. 21:5); 3. A importância do arrependimento (Nm. 21:7); 4. A importância da intercessão (Nm. 21:7); 5. A importância de obedecermos a Deus para sermos abençoados, curados (Nm. 21:8-9); 6. A importância do olhar com fé (Nm. 21:9).
Jesus é o melhor intérprete da Bíblia Hebraica. Aprendamos com ele. Ele disse que assim como Moisés levantou uma serpente de bronze, ele teria que ser levantado para que todos os que cressem nele tivessem vida (Jo. 3:14-15). Ele, Jesus, acrescentou que esse "ser levantado" era uma referência a Sua morte (Jo. 12:32 e 33). O olhar para a serpente é semelhante ao olhar para Jesus na Cruz. Tudo no Antigo Testamento aponta para Jesus O olhar para a serpente de bronze no texto bíblico deve ser entendido como um ato de fé, de obediência a Deus. Este é o ponto principal da história, da narrativa bíblica. É tudo sobre um ato de fé em Deus, no Seu amor, no Seu perdão, na Sua paciência para conosco. A salvação é descrita como um olhar de fé. Não é pelas obras que somos salvos, mas por olhar para Jesus com fé. No livro do profeta Isaías 45:21-22, Deus disse: “olhem para mim, todos de toda a terra, e assim vocês serão salvos, pois Eu Sou Deus, o único que salva, não há outro Deus além de mim” (Is. 45:21-22). Não precisamos olhar para o pregador, o diácono, políticos, ídolos da televisão ou dos esportes, não precisamos olhar para os homens, nem para nós mesmos, apenas olhar para Jesus (Hb. 12:1-2). E é assim que seremos salvos, pelos olhos da fé em Deus, em Jesus.
O Livro de Números nos ensina que Deus supre todas as necessidades de seu povo, materias e espirituais; mesmo quando este povo é infiel, Deus é fiel. Durante 40 anos Deus sustentou o seu povo e supriu todas as suas necessidades - Estes 40 anos o Senhor teu Deus esteve contigo, coisa alguma te faltou - (Dt. 2:7). Aleluias!
Que Deus nos abençoe ao longo da leitura deste livro. Que nós possamos aprender a reclamar menos e agradecermos mais a Deus por sua fidelidade e amor. Ele cuida de nós mesmo quando estamos atravessando um deserto. Um forte abraço.
Pastor Washington Roberto Nascimento