No deserto
“Jesus foi levado pelo Espírito para o deserto – era a hora da Prova. E o Diabo é quem iria testá-lo” (Mateus 4:1).
O deserto é um lugar onde coisas estranhas acontecem. É lá que nossas necessidades se agigantam. Nossos problemas parecem sem solução. Os amigos desaparecem, ou melhor, eles se transformam em inimigos. Sentimos sede, e a água que encontramos é amarga. Temos fome, mas não há o que comer. O cansaço toma conta de nossas pernas, e assim não podemos mais caminhar. A fadiga domina os nossos braços, de modo que não podemos mais lutar. Pelo menos essa foi a experiência do povo de Deus logo depois da libertação da terra da escravidão: "Melhor nos fora servir aos egípcios do que morrermos no deserto" (Êxodo 14:12).
O deserto é um lugar onde coisas estranhas acontecem. É lá que morremos e somos sepultados. É lá, também, que ressuscitamos e voamos como águias. Neste lugar misterioso descobrimos quão pequenos somos, e quão grandes podemos nos tornar. "Ele faz forte ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor" (Isaías 40:29).
O deserto é um lugar onde coisas estranhas acontecem. Nele há de morar para sempre o calor, durante o dia; e o inverno, à noite. No coração dos homens que estão a viver no deserto, só habita a saudade de um tempo que não volta mais, ou a ansiedade da chegada a um lugar que parece muito distante ou, quem sabe, utópico. "Levantou-se pois o povo e chorou aquela noite, e murmurou: antes tivéssemos morrido no Egito ou no deserto" (Números 14:1-4).
O deserto é um lugar onde coisas estranhas acontecem. É lá que enfrentamos o Diabo, é lá, também, que conhecemos a Deus. Ali aprendemos que o Eterno encontra-se além dos ritos, cerimônias, palavras e templos. Ele habita em nossa interioridade, que sempre desprezamos, mas que no deserto, a sós, podemos encontra-lo, encontrando a nós mesmos. "Entra no teu quarto. Fecha a porta. Ora em secreto" (Mateus 6:6). Podemos sair recompensados e transformados do deserto.
Pastor Washington Roberto Nascimento.