O Sacrifício

Data publicação 20/11/2013

O Sacrifício

“Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá, oferece-o ali em holocausto” (Gênesis 22:2).

 

 

Os sacrifícios e as ofertas de cereais no Antigo Testamento pertencem ao jardim de infância da revelação bíblica de Deus. Mas é interessante observar como os escritores bíblicos foram influenciados pelos valores culturais de um tempo que há muito já se foi. O livro de Levítico é um dos maiores exemplos deste caso. Os sacrifícios de animais e as ofertas de cereais encontram-se sob grande influência pagã.

A idéia dos sacrifícios e das ofertas de cereais vem de um tempo em que se cria que os deuses se fortaleciam com tais alimentos e vidas. E assim fortalecidos, eles, os deuses, podiam vencer toda sorte de mal: a seca, as inundações, as epidemias e todas as pragas ou fenômenos naturais que ameaçassem a vida na terra. É por isto que chegavam ao ponto de sacrificar até pessoas.

Dentro desta perspectiva Jesus é o sacrifício perfeito. Mas é interessante observar que somos nós, os seus adoradores, que somos convidados a comer a sua carne e beber o seu sangue, para que assim fortalecidos, possamos vencer o mal, toda a sorte de mal. “Se não comerdes a carne do filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos” (João 6:53).

Contudo, nos enganamos se interpretamos este texto, e outros semelhantes a este, literalmente. Eles precisam ser compreendidos figuradamente. Comer a carne e beber o sangue de Jesus significa ter um vida ética marcada pelos ensinos de Jesus, cuja a nota principal é o amor a Deus e aos homens.

A exigência ética, o culto que ocorre no interior do homem e que se revela em uma vida de luz no mundo e sal da terra, pode ser visto a partir de um estudo sério e minucioso da Bíblia. Ele aponta para um Deus cujo sacrifício requerido é um coração quebrantado e contrito (Salmo 51:16-17). Bem diferente dos cultos e religiões pagãs.

O Eterno não tem prazer em holocaustos. Ele espera que seus filhos pratiquem a justiça de acordo com os seus ensinos. A ética em nossos relacionamentos é que conta para ele (Provérbios 21:3).

Obedecer é mais importante que sacrificar (I Samuel 15:22). Sacrifícios e ofertas ele, o Senhor, não pediu (Salmos 40:6).

O Senhor é apresentado em sua palavra como um Deus enfadado de sacrifícios e ofertas de um povo que vive praticando a injustiça, a mentira, a violência e a opressão contra os mais fracos (Isaías 1:11-28). Os profetas denunciam tal hipocrisia com grande veemência (Jeremias 7:21-24).

O Novo Testamento segue nesta direção aprofundando e expandindo a revelação de um Deus que é Espírito. Seus adoradores não precisam se apresentar diante dele com sangue de gado, bodes, aves e ofertas de cereais. “Deus é Espírito e importa que seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (João 4:24). Que salto! Que mudança! Que progresso na revelação de Deus!

 

Pastor Washington Roberto Nascimento.