Felizes os que têm fome e sede de Justiça

Data publicação 16/04/2022

Felizes os que têm fome e sede de Justiça

Pastor Washington Roberto Nascimento

Mateus 5:6

Felizes os que têm fome e sede de justiça! Que declaração surpreendente! Fome e sede são necessidades que precisam ser supridas sob risco de óbito. Jesus fala da felicidade daqueles que têm necessidade de um pão e de uma água que têm como nome: justiça.

Vamos ver o sentido das seguintes palavras no texto bíblico: felizes, justiça e fartos.

Felizes - Μακάριοι (lê-se: macárioi) - μακάριος – (lê-se: macários) - ocorre 50 vezes no Novo Testamento. O que equivalente em Hebraico – אַ֥שְֽׁרֵי־ – (lê-se: ´ashrey) - a interjeição – usada tanto no singular quanto no plural - bem-aventurado – ou bem-aventurados - vem de אֶשֶׁר – (´esher) - aparece 45 vezes no Antigo Testamento.  Deus quer a nossa felicidade. A Sua Palavra nos ensina como ser feliz.

A palavra – δικαιοσύνη – (lê-se: dicaiosúne) - o substantivo – justiça - aparece 92 vezes no Novo Testamento. O adjetivo - δίκαιος – (lê-se: dícaios) -  justo – aparece 80 vezes no Novo Testamento. O verbo - δικαιόω - ser declarado justo – aparece 39 vezes no Novo Testamento. Contando o verbo, o adjetivo e o substantivo, nós temos 211 ocorrências deste tema – justiça – no Novo Testamento.

Justiça é uma palavra, também, muito importante na Bíblia. O verbo –   צָדַק – (lê-se: tsadaq). No hebraico – ser justificado, ser declarado justo – aparece no Antigo Testamento 41 vezes. O adjetivo – justo - צַדִיק – (lê-se: tsadiq) aparece 206 no Antigo Testamento. O substantivo – צְדָקָה – (lê-se: tsedacar) aparece 157 vezes no Antigo Testamento. Contando o verbo, o adjetivo e o substantivo, nós temos 404 ocorrências deste tema – justiça – no Antigo Testamento.  

Deus está interessado em nossa felicidade e Ele sabe que sem justiça não podemos ser felizes. Podemos receber a justiça de Deus como alimento, pão e água, para que tenhamos vida, e vida abundante, pela fé na Graça de Deus revelada em Cristo Jesus.

Jesus disse que felizes são os que têm fome e sede de justiça. As pessoas não compram justiça que agrada a Deus no supermercado, na farmácia, nos tribunais do mundo, na Lei, não. A Lei nos condena, a lei revela o quanto somos transgressores. Encontramos justiça na cruz de Cristo, pela fé na graça de Deus revelada em sua Palavra, na Pessoa de Seu Filho que morreu e ressuscitou por nós, pagou o preço dos nossos pecados, de nossas injustiças, com o seu sangue, com sua vida.

A justiça que vem de Deus, procede dele, é de graça e é para todos os homens e mulheres, de todos os tempos, em todos os lugares, de qualquer raça ou etnia, idade ou posição social.

Aqueles que têm fome e sede, são aqueles que sabem que precisam de um alimento que se chama justiça de Deus, de uma água que se chama justiça de Deus que dá vida, que promove a reconciliação nossa com o nosso criador, salvador, Senhor e Mestre. Uma justiça que traz redenção, reconciliação, paz com Deus e paz de Deus.

A fome é um sinal de que a pessoa necessita de energia, de alimento. Quem tem fome, tem necessidade de comer para se manter vivo. Por causa da fome, ficamos debilitados, temos problemas em nosso crescimento. A sede é um sinal de que a pessoa necessita de água para se manter vivo. Fome e sede de justiça são sinais positivos e não negativos, de vida, de saúde. Triste mesmo é quando uma pessoa não tem fome e sede de justiça, isto é, ela não tem necessidade da justiça em sua vida, em seu ser, para se manter viva.

No texto bíblico (Mt. 5:6), Jesus diz que feliz é a pessoa que tem fome de justiça, tem sede de justiça. Isto é, tem necessidade de um alimento chamado justiça, de uma água chamada justiça. 

Jesus conhecia o problema da fome e o problema da sede. Ele teve fome e sede. Depois de passar pelo deserto, jejuando, ele teve fome e Satanás o tentou mandando-o transformar pedras em pão, mas Jesus disse: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a Palavra que procede da boca de Deus (Mt. 4). Na cruz do calvário, Jesus disse: tenho sede (Jo. 19:28).

Quando Jesus saiu da Judeia e foi para Galileia, ele parou sedento em Samaria. Em poço, pediu a uma mulher samaritana água, mas ela o retrucou dizendo, como sendo tu judeu me pede água para beber, eu que sou mulher samaritana? Jesus a disse: se tu soubesses quem te pede, tu lhe pedirias e ele te daria água viva (Jo. 4). Jesus sabe como a fome e a sede são coisas importantes, vitais em nossas vidas.

Ele também sabe, sobre a justiça. Quando ele foi ser batizado, ele disse para João Batista, convém cumprir toda a justiça (Mt. 3:15).

Mateus 5:6; 3:15 – Jesus quer cumprir toda a justiça de Deus, ele tem fome e sede da justiça do Pai; Isaías 55:1; 55:1; 60:21; Salmo 42:2

A justiça provem de Jesus Cristo (Rm. 5:19); a justiça provem da fé em Jesus Cristo (Gl. 5:5); a justiça habita com Deus, no céu (II Pd. 3:13); Deus dessedenta a alma/pessoa sequiosa/que tem sede e farta de bens a alma faminta (Sl. 107:9; Jo. 4:14, 32, 34; 6:51, 53, 56; 7:37-39)

Jesus apresenta no sermão da montanha os valores do Reino de Deus. Entre esses valores, hoje vamos destacar: Fome e sede de justiça.

Jesus tirava de seu tesouro, o Antigo Testamento, coisas novas e velhas (Mt. 13:52).

Eles estão todos ligados. O pobre de espírito nos leva ao choro sobre a minha situação, esses nos levam a mansidão, pois em tais condições, como eu poderia ser violento, arrogante, presunçoso, e assim chegamos a fome e sede de justiça. Essa justiça é a justiça de Deus, que vem de Deus, como um presente que recebemos pela fé nele, em seu caráter. Quanto faminto e sedento você está hoje? Com fome e sede não das coisas deste mundo, mas da justiça que procede de Deus. A justiça de Deus remove a nossa culpa e nos habilita a agir com justiça redentora em favor dos outros, não justiça humilhadora, tirana, opressora.

Nossa fome e sede de justiça vem de nossa necessidade. Temos necessidade de justiça, temos culpa, reconhecemos que fomos injustos com várias pessoas e por isso carregamos a culpa e o sentimento de culpa. Precisamos de justiça que cubra a nossa culpa e resolva o nosso problema de sentimento de culpa, não podemos ir ao supermercado e comprar justiça para resolver esses problemas, na farmácia não encontramos a justiça que precisamos, nem nas escolas, mas em Deus, na pessoa de seu filho e sofreu a pena de nossos pecados, de nossas injustiças.

A pessoa que não tem fome e sede justiça é aquela que pensa que sua justiça lhe basta, é suficiente. Mas a Bíblia nos ensina que a nossa justiça é nada, não nos pode salvar no tribunal de Deus (Is. 64:6).

Fome e sede – Eis a lição que nosso Senhor aprendeu na recente experiência no deserto. O anseio da fome corporal tornou-se uma parábola daquele anseio mais elevado por justiça de Deus, aquele anseio de Deus, assim como o cervo deseja os riachos, assim precisamos desejar a justiça de Deus (Sl. 42:1-2). Os desejos pelos bens terrenos são frustrados ou terminam em saciedade e cansaço. A isso pertence somente a promessa de que aqueles que assim “têm fome e sede” da justiça de Deus serão seguramente saciados.

Jesus diz que os que têm fome e sede justiça serão fartos, serão satisfeitos (Mt. 5:6). Que tipo de fome é essa que certamente será satisfeita? A fome cuja satisfação é certa é aquela que contém sua própria satisfação. É a fome de bem espiritual, moral. A paixão pela justiça é a justiça no sentido mais profundo da palavra. - πεινῶντες – (lê-se: peinontes) o que são/estão com fome - καὶ διψῶντες – (lê-se – e dipsontes) e os que são sedentos – os verbos estão no particípio, nominativo plural - esses verbos, como todos os verbos de desejo, normalmente levam o genitivo (que indica posse) do objeto. Aqui, e em outros lugares no Novo Testamento, eles tomam o acusativo, o objeto sendo de natureza espiritual – justiça – δικαιοσύνη - (lê-se: dicaiosúne) substantivo, feminino, acusativo, singular – justiça), que aparece 92 vezes no Novo Testamento, do qual não se deseja apenas participar, mas possuir em sua totalidade.

Nos escritores gregos, πεινάω (lê-se: peináo) e διψάω (lê-se: dipsáo) são regularmente seguidos pelo genitivo. Aqui, pelo acusativo; pois o desejo está após todo o objeto (o que explica o uso do acusativo), e não após uma parte dele (o que seria o uso do genitvo - cf. Weiss; também o Bispo Westcott, em Hebreus 6: 4, 5).

O artigo - τὴν – antes do substantivo no acusativo - δικαιοσύνην – indica que há apenas uma justiça digna dessa fome e sede, é a justiça de Deus, ser declarado justo diante dele. Isso só é possível pela Sua Graça. Somos pobres de espírito, temos muitas necessidades e não temos recursos próprios para adquirir o pão da justiça e água da justiça para suprir, satisfazer nossas necessidades. Queremos estar quites diante de Deus e dos homens, declarados justos, mas isso só é possível por meio de sua graça. Como deve ser obtido Cristo não diz aqui. Para eles, mas deve ser preenchido - χορτασθήσονται (– lê-se: cortasthésontai - futuro do indicativo, voz passiva do verbo – χορτάζω – lê-se: cortázo alimentar, satisfazer, preencher, encher).

Há outros textos no Novo Testamento com o uso deste verbo - χορτάζω – alimentar, satisfazer, preencher, encher – que nos ajudam a entender sua ideia, seu uso aqui por Jesus em Mateus 5:6 – exemplos de se fartar (Mt. 14:20; Mc. 8:8; Lc. 9:17; Jo. 6:26; Fp. 4:12; Ap. 19:21; Sl. 17:15).  Há um sentido de satisfação moral e espiritual que encontramos em Deus, em seu amor, em sua graça que nos declara justos.

Seremos preenchidos, satisfeitos, fartos e sempre vazios, por isso, sempre buscando, o que satisfaça o nosso desejo é o nosso próprio desejo; o que satisfaz a nossa fome é a nossa própria fome; o que mitiga a nossa sede é a nossa própria sede de justiça. A fome nunca nos aborrecerá, nem a saciedade eliminará a nossa fome e a sede. Desfrutando da justiça de Deus enquanto a aspiramos. Na nossa alegria da saciedade da justiça dele, ainda a aspiramos mais e mais.

Uma palavra muito forte e gráfica, originalmente aplicada à alimentação e engorda de animais em uma baia. Em Apocalipse 19:21, é usado para encher os pássaros com a carne dos inimigos de Deus. Também das multidões alimentadas com os pães e peixes (Mateus 14:20; Marcos 8: 8; Lucas 9:17). É manifestamente apropriado aqui, pois expressa a satisfação completa da fome e sede espiritual.

Você tem fome de que?  Você tem sede de que?  Há pessoas que têm fome e sede de coisas que não alimentam, não satisfazem, não sustentam, não trazem vida, mas morte. Assim como acontece no mundo físico, com o nosso corpo, também acontece com a nossa mente, as nossas emoções e o nosso espírito. Há pessoas com fome de poder, de fama, fome de riqueza material etc. Esta fome e sede das coisas deste mundo não satisfazem, aumentam a fome e sede, e matam.

Só o Senhor alimenta o faminto e sacia o sedento e o faz verdadeiramente feliz.

Pastor Washington Roberto Nascimento