Lições sobre o batismo de Jesus
Pastor Washington Roberto Nascimento
A primeira lição – A importância do batismo de Jesus. O batismo de Jesus é algo importantíssimo no Novo Testamento, encontra-se registrado pelos quatro evangelistas: Mateus (Mt. 3); Marcos (1); Lucas (3); e João (1); e pelo apóstolo Paulo em sua Carta aos Romanos (Rm. 6).
Isto significa que o batismo de Jesus foi algo muito importante para os escritores do Novo Testamento e para a Igreja Primitiva e por isso deve ser importante para nós ainda hoje.
A Bíblia nos ensina que Jesus foi batizado por João Batista no Rio Jordão (Mt. 3:13; Mc. 1:9; Lc. 3:15-21; Jo. 1:19-36).
João Batista foi um personagem muito importante na história bíblica. Seu ministério foi profetizado por Isaías (Is. 40:3) e por Malaquias (Ml. 3:1; 4:5-6). Esses profetas são citados nos quatro Evangelhos dentro desse contexto do ministério de João Batista e do batismo de Jesus. João Batista é aquele que prepara o caminho para o Messias de Deus.
Quando Jesus foi ao encontro de João Batista para ser batizado, João Batista não queria batizá-lo. Ele disse para Jesus: Eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim? (Mt. 3:14). João tinha consciência de quem ele era de quem Jesus era. João Batista disse que não era digno de desatar as correias das sandálias de Jesus (Jo. 1:27). Quanta humildade!
João Batista não sabia, não conseguia entender porque Jesus queria ser batizado. João Batista batizava as pessoas com base no arrependimento delas e na confissão de seus pecados. João Batista sabia que Jesus não tinha pecado para confessar ou para dele se arrepender. Por isso João Batista não queria batizar Jesus. Mas Jesus insistiu e João Batista o batizou. O miniistério de João Batista teve o clímax com o batismo de Jesus. Ele cumpriu a sua missão dada pelo Senhor.
A segunda lição: O batismo de Jesus marca o início do seu ministério (Lc. 3:23). Quando Jesus foi batizado, ele foi investido de uma maneira toda especial de autoridade e poder para o exercício de seu ministério, foi o momento de sua unção. Ele foi ungido pelo Espírito Santo, pelo Seu Pai, foi revestido de autoridade divina. Mais tarde, em seu ministério, dentro de uma sinagoga, Jesus disse, citando o profetas Isaías: “O Espírito do Senhor está sobre mim, Ele me ungiu...”(Lc. 4:16-19; Is. 61:1-3).
Lucas diz que Jesus estava orando na hora de seu batismo (Lc. 3:21).
Os três evangelistas: Mateus, Marcos e Lucas, dizem que o céu se abriu (Mt. 3:16; Mc. 1:10; Lc. 3:21).
Mateus e Lucas usam o mesmo verbo do texto grego da LXX de Isaías 64:1 - ἀνοίγω – (lê-se: anóigo – Mt. 3:16; Lc. 3:21) - abrir - "Oh, se você (Deus) abrisse, os céus e descesse! Como as montanhas tremeriam na sua presença!"
No Evangelho Marcos 1:10, temos um verbo diferente daquele que vimos em Mateus e Lucas. O verbo usado pelo Evangelista Marcos é - σχίζω – (lê-se: srrízo); o mesmo verbo que aparece em Mateus, Marco e Lucas, que fala sobre o véu do templo que se rasgou, quando Jesus morrendo na cruz disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito (Mt. 27:50-51; Mc. 15:37-38; Lc. 23:44-46). Na vida de Jesus, por ocasião de seu batismo e ao longo de seu ministério, o céu se abriu. O próprio Senhor Jesus Cristo disse para Natanael e toda a Sua Igreja que eles veriam o céu aberto e os anjos de Deus, subindo e descendo sobre Ele (Jo. 1:51).
Os três evangelistas dizem que uma voz do céu foi ouvida, dizendo: Este é o meu amado que me dá alegria (Mt. 3:17; Mc. 1:11; Lc. 3:22).
Os quatro evangelistas: Mateus, Marcos, Lucas e João, dizem que o Espírito Santo desceu sobre Jesus por ocasião de seu batismo (Mt. 3:16; Mc. 1:10; Lc. 3:22; Jo. 1:32).
Então, a segunda grande lição que temos no batismo de Jesus diz respeito a inauguração de seu ministério, marcado pela unção de Deus Pai, da investidura de toda a autoridade do Pai, do Espírito Santo.
A terceira lição: o batismo de Jesus nos ensina sobre a morte e ressureição de Jesus. O batismo de Jesus aponta para a morte a ressurreição de Jesus. João Batista bem como os israelitas no tempo de Jesus não entendiam que o Cristo, o Messias de Deus, fosse morrer na cruz pelos pecados dos homens, mas o batismo de Jesus no início de seu ministério já apontava para o final de seu ministério: Sua morte e ressurreição. Nos lábios de Jesus encontramos o uso da palavra batismo, mergulho, como simbolizando a sua morte (Mc. 10:38-39; Lc. 12:50).
Esta lição sobre Jesus no seu batismo, apontando para sua morte e ressurreição, tem, também, uma ligação com a história do profeta Jonas, que é lançado as águas.
Jesus, semelhante ao profeta Jonas que disse para os marinheiros: pegai-me e lançai-me ao mar (Jn. 1:12); Jesus disse para João Batista: batize-me, lance-me nas águas.
Mais tarde, Jesus citou o profeta Jonas a propósito de sua morte e ressurreição. Jesus disse: Assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre de um grande peixe, assim também estará o filho do homem no seio da terra (Mt. 12:40).
As águas do dilúvio, as águas do mar, as águas do Jordão, o mergulho, têm uma simbologia dupla. Falam da morte e também falam da vida; da purificação, da limpeza de toda a sujeira do pecado; fala morte do velho homem e de sua transformação, renovação, libertação, limpeza. Jonas sai das águas para cumprir a missão do Pai; Jesus sai das águas para cumprir a missão de Seu Pai, de pregar, de ensinar. As pessoas que eram batizadas por João Batista saíam das águas prontas para começar uma nova vida à espera do Reino de Deus, revelevando em suas vidas os frutos do arrependimento (Mt. 3:2,8), endireitando as suas veredas, as suas vidas (Mc. 1:1-3).
No Antigo Testamento temos inúmeros antítipos, figuras bíblicas que apontam para Jesus: Adão, Melquisedeque, Isaque, José, Moisés, Josué, Jonas, etc.
João Batista, apresenta Jesus como o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Em Isaías 53:7, lemos que o Servo do Senhor é como uma ovelha, um cordeiro, que é levado ao matadouro. Jesus morreu na Páscoa, ele foi o cordeiro de Deus daquela páscoa (I Co. 5:7), naquele tempo da história, na plenitude dos tempos, que foi imolado por nós, que morreu por nós. A declaração de João Batista sobre Jesus, por ocasião de seu batismo, como o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, faz com que o seu batismo seja a antecipação dramática de sua morte e ressurreição, a antecipação da cruz e do túmulo vazio.
João Batista, quando viu Jesus, disse: Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo.1:29). Que Jeronimo, em sua tradução para o Latim no século IV d. C, na obra conhecida como Vulgata de Jeronimo, escreveu: Ecce agnus dei qui tollit peccatum mundi (lê-se: étche anhús dei cuí tóllit peccátum múndi).
O apóstolo Paulo falou mais tarde em sua Primeira Carta aos Coríntios: “Pois, também, Jesus Cristo, nosso cordeiro pascal, foi imolado por nós” (I Co. 5:7).
A terceira lição do batismo de Jesus, portanto, é sobre sua morte e ressurreição.
A quarta lição: o batismo de Jesus nos ensina que Ele cumpriu toda a justiça da lei de Deus e do Deus da lei.
No batismo de Jesus temos esse cumprimento simbólico da justiça de Deus. Temos o cumprimento antecipado em temos dramáticos, figurado. Ao viver sem pecado e morrer na cruz por nós, Jesus cumpriu, preencheu por nós, todas as exigências da justiça da Lei, da justiça de Deus. O seu batismo é antecipação simbólica deste cumprimento da justiça do Senhor.
Jesus disse para João: nos convém cumprir toda a justiça (Mt. 3:15). Na verdade, nós temos aqui um plural de modéstia, o certo mesmo é: eu preciso cumprir toda a justiça, no sentido restrito e lato, amplo. Jesus cumpriu toda a justiça. Ele veio cumprir toda a justiça da Lei de Deus e do Deus da Lei, por nós e em nosso lugar, por uma tríplice razão: 1ª razão: Nós, seres humanos, não tínhamos (não temos) condições para fazê-lo; 2ª razão: Ele tinha condições para fazê-lo; 3ª razão: Ele nos amou (nos ama) o bastante para fazê-lo.
A palavra justiça é muito importante em toda a Bíblia. O profeta Isaías disse que nossa justiça é trapo, é como um pano velho, sujo, inútil. Não serve para nada (Is. 64:6). O apóstolo Paulo disse que sua justiça que procedia da lei era como esterco; a justiça com que ele se apresentava diante de Deus aprovado vinha pela fé em Cristo Jesus (Fp. 3:8-9).
Deus tem providenciado para nós a couraça da justiça, uma roupa, uma proteção, que precisamos vestir, que nos protege dos golpes do inimigo, protege o nosso peito e as nossas costas (Ef. 6:14). Jesus providenciou essa roupa para nós com sua vida, sua morte, com seu sangue.
Jesus é o justo de Deus profetizado por Isaías (Is. 53:11). Jesus é o servo do Senhor, que de acordo com o profeta Isaías, justifica a muitos com a sua justiça, pois leva sobre si a iniquidade dos pecadores, dos transgressores; paga com sua vida o preço da nossa transgressão e por nós intercede (Is. 53:11-12). Jesus é filho do rei Davi, o rebento do tronco de Jesse, que de acordo com o profeta Isaías, tem o cinto da justiça e da fidelidade. porque o Espírito do Senhor repousa sobre ele (Is. 11:1-5). A Sua justiça irá a nossa frente e será, também, a nossa retaguarda, para nos proteger de toda e qualqer acusação do inimigo (Is. 52:12; 58:8; Ef. 6:14).
Em Cristo somos justificados, declarados justos, quites, diante de Deus, gratuitamente, mediante a fé em Sua Graça (Rm. 3:23-26).
O substantivo - δικαιοσύνη – aparece 92 vezes no Novo Testamento. E o adjetivo – justo - δίκαιος – 80 vezes no Novo Testamento. O verbo – justificar – no texto grego do Novo Testamento - δικαιόω – aparece 39 vezes. Somando o substantivo, o verbo e o adjetivo, temos 211 ocorrências dessas palavras no texto original grego do Novo Testamento.
A palavra substantivo: justiça, no hebraico - צְדָקָה – (lê-se: tsedacár) – no Antigo Testamento aparece 157 vezes. O adjetivo – justo - צַדִיק – (lê-se: tsadiq) - aparece 206 vezes no Antigo Testamento. E o verbo – justificar – em hebraico - צָדַק – (lê-se: tsadaq) aparece 49 vezes no Antigo Testamento. A soma dessas três palavras no Antigo Testamento chega a 412 vezes no texto original hebraico do Antigo Testamento.
A Bíblia nos ensina que Jesus quitou a nossa divida com os céus, com Deus o Pai. Ele pagou o que devíamos com sua vida, com seu sangue, com sua morte na cruz. Ele fez isso por amor. Ele sabia que não tínhamos condições de pagar a nossa dívida. Que irmão maravilhoso Deus nos deu! Que Mestre inigualável! Que Salvador! Que libertador! Eis o que o batismo de Jesus encerra, ensina.
Jesus fala, em seu batismo, sobre a necessidade dele cumprir toda a justiça, de acordo com o texto de Mateus 3:15. Jesus satisfez toda a justiça da Lei de Deus e do Deus da Lei.
O apóstolo Paulo diz em II Coríntios 5:21 que, aquele que não conheceu pecado, se fez pecado por nós; para que nele fossemos feitos justiça de Deus.
Somos declarados justos diante de Deus por causa da fé, de nossa confiança, na justiça de Jesus Cristo que morreu por nós, em nosso lugar, por causa de nossos pecados; Ele nunca pecou e nem engano se achou em seus lábios (I Pd. 2:22).
Esta, então, é a quarta lição que aprendemos com o batismo de Jesus. Foi por isso que Jesus insistiu com João Batista para ser batizado: Para cumprir, satisfazer, toda a justiça de Deus.
A quinta lição que temos sobre o batismo de Jesus é: Ele representado como Israel de Deus.
No batismo de Jesus nós temos o verdadeiro Israel de Deus que passa pelas águas e vai para o deserto, mas ao invés de ser reprovado, é aprovado por Deus. Cumpre a missão de ser bênção para todos os povos da terra (Gn. 12:1-3). Jesus mesmo disse que ele é a videira verdadeira (Jo. 15:1). Israel, como nação no Antigo Testamento, é apresentada como uma videira que recebeu todo amor do agricultor, Deus, mas ao invés de dar uvas boas, deu uvas bravas; não houve frutos de justiça, misericórdia, humildade (Is. 5:1-7; Mq. 6:8; 7:1-7).
O apóstolo Paulo disse que Israel foi batizado na nuvem e no mar (I Co. 10:1-2). As águas da nuvem e do mar apontam para um tipo de batismo que o povo Israel teve por meio de Moisés, de acordo com a explicação do apóstolo Paulo. Eles deveriam ter saído daquele batismo, das águas do mar e da nuvem, lavados, transformados, para realizarem a missão dada por Deus: ser luz no mundo, bênção para todos os povos da terra.
Em Jesus Cristo nós temos o Israel de Deus, a semente de Abraão, em quem todas as famílias da terra são abençoadas. Nele todas as promessas de Deus se cumprem.
A sexta lição sobre o batismo de Jesus: O batismo de Jesus fala da nossa necessidade de sermos pela fé, batizados com Ele, morrermos com ele e ressuscitarmos com Ele, pela fé, para uma nova vida com Ele. Esta lição do batismo de Jesus que queremos apresentar diz respeito ao convite de Deus, das Escrituras, para sermos batizados com ele e nele, pela fé.
Foi isso que o apóstolo Paulo ensinou em sua Carta aos Romanos 6:3, 4 – Todos que fomos batizados em Cristo, fomos batizados na sua morte, fomos sepultados com ele na morte pelo batismo; para que como Cristo ressuscitou dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida. Esta é a quinta e última lição sobre o batismo de Jesus.
O batismo de Jesus é um convite para nós entrarmos, também, nas águas, e vivermos esta experiência singular com dupla significação: Morte e Ressurreição com Jesus.
Assim como os israelitas, ao serem batizados por Moisés, ao passar pelas águas, celebravam a libertação da escravidão humana e temporal; nós celebramos, através do batismo em Jesus Cristo, pela fé, a libertação da escravidão espiritual e eterna. E esta é a nossa sexta lição sobre o batismo de Jesus.
Jesus com o seu batismo convida a todos os homens a serem, pela fé, batizados com ele, morrerem com ele para o mundo, para o pecado; e ressuscitarem, levantarem das águas, limpos, transformados, para uma nova vida, cheia do Espírito Santo, uma vida que agrade a Deus.