Uma breve reflexão sobre Azazel na Bíblia Hebraica

Data publicação 15/01/2025

Uma breve reflexão sobre Azazel na Bíblia Hebraica

Pastor Washington Roberto Nascimento

Na Bíblia hebraica, Azazel é um nome que se refere a um lugar desolado para onde um bode expiatório era enviado para carregar os pecados do povo judeu durante o Yom Kippur, ou o Dia da Expiação: O bode expiatório.

Durante o ritual do Yom Kippur, dois bodes machos eram escolhidos, um para o Senhor e um para Azazel.

O bode escolhido para Azazel era enviado ao deserto para carregar os pecados do povo. O sacerdote colocava as mãos no bode para transferir os pecados para ele.

O nome Azazel:

A palavra Azazel - עֲזָאזֵל  - (lê-se: azazel - substantivo masculino singular) - aparece em Levítico 16:8–10, mas não está presente em todas as traduções da Bíblia.

O nome: Azazel vem das raízes hebraicas עֵז (ez, que significa "bote") e אָזַל (azal, que significa "ir embora" ou "desaparecer").

Não há equivalente grego direto para "Azazel" na Septuaginta ou no Novo Testamento. No entanto, o conceito de expiação e remoção do pecado é ecoado no Novo Testamento, particularmente na obra sacrificial de Jesus Cristo (por exemplo, Hebreus 9:11-14).

Em algumas traduções, o conceito é frequentemente traduzido como "bode expiatório".

Outras interpretações – A difícil tarefa de interpretação de Levítico 16:8,10 e 16.

Em Levítico 16:8, nós lemos: “E Arão lançará sortes sobre os dois bodes; uma porção (sorte = porção – no hebraico - גּוֹרָל – lê-se: garal) para o Senhor, e a outra (sorte = porção – no hebraico - גּוֹרָל – lê-se: garal) para  "Azazel" - עֲזָאזֵל  - (lê-se: azazel -).

Essa palavra que só ocorre neste capítulo 16:8, 10 (duas vezes) e 26 de Levítico, provavelmente denota o demônio completamente banido, o príncipe dos espíritos malignos, que com suas legiões ocupa as regiões desérticas e lugares desolados ( Is. 13:21; 34:14; Mt. 12:43; Lc. 11:24; Ap. 18:2).

Como a remoção ou perdão do pecado é frequentemente representado na Bíblia por seu banimento para as partes mais remotas da terra e dos mares (Mq. 7:19; Sl. 103:12).

Nada poderia ser mais impressionante ou transmitir ao povo a ideia de perdão absoluto melhor do que este ato simbólico de enviar o bode carregado com os pecados da congregação (ou de uma pessoa) para o deserto, a morada do príncipe das trevas, de volta ao autor de todo pecado.

A tradução, bode expiatório, é contrária à antítese manifesta no texto de Levítico 16:8. Se a primeira “estrofe” do versículo é: “Para o Senhor” e denota uma pessoa, a segunda “estrofe” do versículo é: “Para Azazel,” que forma o contraste. Isso por si só deve ser suficiente para provar que se trata de uma pessoa.

Além disso, a tradução bode expiatório não pode ser aceita em Levítico 16:10; mas a tradução: “Para Azazel”.

Caso fosse imposta a tradução bode expiatório em Levítico 16:10, literalmente teríamos: “enviar o bode ao bode expiatório no deserto” em Levítico 16:26.

Nas primeiras interpretações, Azazel era visto como uma divindade, ou iniciador do pecado ou uma figura protetora.

Tradições posteriores obscureceram sua identidade, apresentando-o como um demônio, o próprio bode expiatório ou um nome de lugar.

No Livro de Enoque, Azazel é descrito como um anjo caído que introduziu os humanos ao conhecimento proibido.

Este papel de Azazel como um anjo caído ainda está presente em algumas tradições cristãs e islâmicas.

Na tradição islâmica, acredita-se que Azazel seja o nome original de Satanás.

Conclusão

Azazel é uma figura ou tema misterioso e ineguimático. Azazel desfruta da distinção de ser o personagem extra-humano mais misterioso da literatura bíblica. Ao contrário de outros nomes próprios hebraicos, o nome em si é obscuro.

Fonte Bibliográfica

Strong's Exhaustive Concordance – Editora Hendrickson Publishers, 2009. 1685p.

Exhaustive Concordance of the Bible with Hebrew-Aramaic and Greek Dictionaries – Editora Broadman & Holman Publishers, 1981. 1695p.

Thayer's Greek-English Lexicon of the New Testament : Coded to Strong's Numbering System by Joseph Thayer (1995, Hardcover). Editora Hendrickson Publishers, 1995. 752p.

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